Na maior feira de tecnologia de Educação do planeta, NOVA ESCOLA conferiu um mundo de recursos novos. Mas as novidades da informática estariam roubando o precioso tempo de contato entre aluno e professor?
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Todos os anos, professores, gestores e entusiastas da tecnologia
em Educação voltam seus olhos para os lançamentos da Bett Show. Realizado num
enorme centro de eventos em Londres, na Grã-Bretanha, o evento é uma das
maiores feiras mundiais sobre o tema. Estive por lá entre os dias 11 e 14 de
janeiro, acompanhando as últimas novidades da tecnologia em sala de aula.
Não há como não voltar deslumbrada com todos os
aplicativos, softwares e hardwares desenvolvidos com o objetivo de facilitar a
aprendizagem. Jogos em todas as disciplinas fazem a festa das crianças - e
também dos professores que acham que esse é o caminho para "motivar" os
alunos. Imagens em 3D revelam o corpo humano e dos animais e a estrutura dos
demais seres vivos e levam as turmas para um estudo de campo de ecossistemas
como o fundo do mar e uma caverna - tudo sem sair da sala de aula.
Mas um ponto polêmico - não colocado abertamente durante as discussões na
Bett2012, mas deixado no ar - diz respeito ao fator interação quando a
tecnologia invade a sala de aula. Alguns professores têm usado a tecnologia para se aproximar das
turmas, como Emma Chandler, professora de Estudos Sociais da Emerson Park
School, em Londres. Ela usa o Twitter para se comunicar com os alunos
justamente por ter percebido que era a ferramenta predileta de comunicação
entre eles. Manda de três a quatro mensagens por aula, com o plano de aula do
dia, questões simples para verificar o conhecimento sobre determinado conteúdo
e notícias relacionadas ao tema. "Os mais tímidos passaram a se comunicar
mais comigo", afirmou ela, que ainda coordenou um texto coletivo para o
jornal da escola cujos trechos eram enviados pela rede social. O trabalho em
grupo, portanto, foi intermediado pela ferramenta, com pouco contato direto
entre os colegas.
O uso de animações em 3D, em que todas as informações são
facilmente acessadas e visualizadas com perfeição e realismo, praticamente
prescinde da presença do educador para a compreensão do conteúdo. Estudo
realizado em sete países entre outubro de 2010 e maio de 2011, por
pesquisadores da Universidade de Londres, comparou o rendimento de duas
categorias de estudantes. Os que estavam nas turmas em que o professor usou 3D
para ensinar corpo humano melhoraram suas notas em 86% (contra os 52%
registrados no grupo de controle, que só usou ferramentas em 2D), apreenderam
as informações em menos tempo, lembravam de mais detalhes e davam respostas
mais elaboradas em questões abertas. E o papel do professor, nesse caso, foi
apenas disponibilizar o acesso à ferramenta e fazer a avaliação.
Steve Bunce, consultor em tecnologia da Educação do Reino Unido,
está convicto de que a saída para esse dilema é o educador se tornar um
questionador: "Em vez de explicar o conteúdo, ele vai criar as perguntas
sobre o mundo real e os problemas globais para serem respondidas pelos alunos,
que, por sua vez, com a tecnologia, podem ir sozinhos atrás das informações e
trazer as soluções. É assim que se educa cidadãos com autonomia para
aprender."
Texto: Paola Gentile
Fonte: Nova escola
Concordo com o Steve. Afinal, falamos tanto em competências. Como ensiná-las dando respostas prontas? As crianças e os jovens precisam ser instigados a resolver situações-problemas de diferentes ordens e a tecnologia pode ser ser uma ótima ferramenta mediada pela ação docente.
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